Vamos começar abordando a relação entre o pensamento e a expressão verbal. Não temos total domínio sobre todos os nossos pensamentos, mas podemos, por meio deles, fazer considerações que podem ser trabalhadas ou descartadas. Muitas vezes, os pensamentos se apresentam de maneira cifrada, tornando-se, assim, de difícil compreensão.
Na psicanálise, a fala é uma ferramenta pela qual o sujeito pode decifrar e elaborar seus pensamentos. É através da expressão verbal que o sujeito gera movimentação nos desejos. Ao promover essa movimentação, é possível libertar-se de situações em que a pessoa se encontrava presa, estagnada, imaginando estar sem saída. Para que alguém possa progredir na vida, é necessário abrir mão de sintomas que a aprisionam, como o medo da morte ou o medo do fracasso. Caso contrário, a pessoa fica refém do medo, limitando sua vida.
Ao ter um espaço para discutir as questões que a aprisionam e assustam, a pessoa passa a visualizar opções, e o medo diminui. Os pensamentos obsessivos estão relacionados à antecipação de uma realidade que o sujeito, de maneira inconsciente, tenta controlar, mesmo diante de algo incontrolável.
A função do pensamento obsessivo é manter sob controle um desejo inacessível ao sujeito. Uma característica desse desejo obsessivo é a inversão; por exemplo, a pessoa que está obsessiva pode expressar horror em relação a algo, buscando convencer-se de que o que ela deseja é depreciado. O retorno do recalcado assusta e causa horror.
Por isso, a análise proporciona um espaço no qual o sujeito pode falar sobre o que o amedronta e causa horror. Com a progressão do tratamento, essas questões se transformam, e a pessoa se sente mais à vontade com seus desejos e sua maneira de enfrentar a vida, aproveitando melhor suas potencialidades.
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