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Vamos falar de narcisismo? Mas sem complicar...

Atualizado: 9 de abr.



Tudo que a gente sente, todas as nossas vontades mais profundas, têm uma coisa em comum: elas estão sempre atrás de prazer, de satisfação. Mas aqui vai o detalhe curioso — nada nunca satisfaz a gente de verdade. Quer dizer, o que mais chega perto de satisfazer é o próprio desejo em si. Só que ele não se basta sozinho, então acaba se virando para fora e se ligando a outras coisas: pessoas, carreiras, objetos… E é aí que a gente se apaixona, faz escolhas, se envolve.


Imagina assim: no fundo, o desejo queria só ele mesmo, mas como isso não rola, ele vai atrás de algo diferente, algo que não é ele. E nesse processo todo, a energia do desejo — que Freud chamava de libido — se concentra muito em nós mesmos. O nosso “eu” vira tipo um reservatório de energia, tudo passa por ele. E aí vem um ponto bem curioso: a gente é profundamente afetado pela nossa própria existência, pela forma como a gente se percebe.


Só que, ao mesmo tempo, viver exige que a gente olhe pra fora. Como se o nosso desejo fosse uma força que empurra a gente pro mundo. E quando a gente se joga nesse mundo, descobre coisas incríveis, assustadoras, maravilhosas. Mas tem um ponto: quando você vai pra fora, também tá indo pra dentro. Porque tudo que você vive fora afeta quem você é por dentro.



Então... o que é narcisismo, afinal?


De um jeito simples, é o amor que a gente sente por nós mesmos. É a forma como a gente se percebe, se valoriza. Mas aqui vem o paradoxo: esse amor próprio não nasce sozinho, ele é construído a partir do cuidado do outro.


Quando a gente nasce, precisa ser alimentado, limpo, acolhido. Sem isso, a gente nem sobreviveria. O cuidado salva, literalmente. E esse cuidado todo vai deixando uma marca dentro da gente. Se alguém me amou, eu aprendi a me amar também. O valor que alguém me deu, eu absorvi e transformei em um senso de valor interno, que é justamente o narcisismo.


De um jeito simples, é o amor que a gente sente por nós mesmos. É a forma como a gente se percebe, se valoriza. Mas aqui vem o paradoxo: esse amor próprio não nasce sozinho, é construído a partir do cuidado do outro.


Quando a gente nasce, precisa ser alimentado, limpo, acolhido. Sem isso, a gente nem sobreviveria. O cuidado salva, literalmente. E esse cuidado todo vai deixando uma marca dentro da gente. Se alguém me amou, eu aprendi a me amar também. O valor que alguém me deu, eu absorvi e transformei em um senso de valor interno, que é justamente o narcisismo.


Uma mãe, um pai, alguém que cuida e ensina uma criança, está ajudando ela a construir esse amor-próprio. E a criança registra isso como? Narcisicamente. Ou seja, ela se sente importante, digna de amor, com vontade de viver.


Tem gente que cresce em ambientes muito duros, com muita violência, abandono, desprezo. Aí, esse tal núcleo do narcisismo — essa base de amor próprio — fica frágil. E isso complica muito a forma como essa pessoa se vê e se relaciona com o mundo. Ela pode acabar se doando demais, se anulando, aceitando tudo em nome de um amor que nunca teve, esperando que o outro preencha esse buraco.


É como se ela acreditasse que, se se entregar completamente, vai conseguir se fundir com o outro e, finalmente, se sentir inteira. É daí que vêm certos comportamentos de apego exagerado, de dependência, de sofrimento por amor. Isso tem tudo a ver com o que chamamos de “fantasia borderline” — a ideia de que só ao se misturar com o outro é possível existir de verdade.



Paixão, expectativa e queda


Sabe quando você se apaixona perdidamente? Aquela sensação de que o outro é tudo o que você sempre quis, como se tivesse finalmente encontrado o seu lugar no mundo? Pois é… nesse momento, tem um super transbordamento do seu narcisismo — toda a sua expectativa de ser amada, valorizada, reconhecida, está ali. Só que, ao mesmo tempo, você tá se esvaziando. E aí, se essa relação não dá certo, você desaba.


Tipo aquele porquinho da história dos Três Porquinhos que construiu a casa de palha e o lobo assoprou tudo… é isso. Quando o narcisismo está frágil, qualquer ventinho derruba a gente.



E hoje em dia?


Na época de Freud, o problema era o recalque — as pessoas reprimiam desejos, seguiam regras, lutavam por ideais coletivos. Hoje, parece que o problema é outro: é uma pressão constante pra aproveitar tudo, ser feliz o tempo todo, ser incrível, ser único, ser tudo. É como se a gente tivesse que correr contra o tempo pra provar que vale a pena.


E nessa correria, o narcisismo ficou meio sem lugar. Ele não vem de dentro, nem de fora. Ele simplesmente… vai com o vento. E, no final das contas, a gente vira o próprio Lobo Mau da nossa história, derrubando a própria casa que mal conseguiu construir.



 
 
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